Atualmente, nenhum porto no Brasil avaliado pelo Pacto Global da ONU tem estrutura pronta para trabalhar com combustíveis alternativos – dois deles estão com essas adaptações em andamento, o que permitirá receber embarcações movidas a biometano, amônia, biogás e hidrogênio verde. Além disso, 91% dos portos avaliados não dispõem de campanhas de incentivo para redução de emissões gerados pelo transporte marítimo e cerca de 67% não possuem metas relacionadas à eficiência energética e descarbonização, afirma a organização internacional.
“O transporte marítimo e as operações dos portos são fundamentais na jornada rumo ao carbono zero. Nosso país tem uma vocação natural para ser líder dessa nova economia. Mas é preciso termos uma atitude proativa para tornar essa vantagem comparativa em vantagem competitiva. O Brasil precisa acelerar a descarbonização nesse setor”, diz Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil.
Atualmente, o setor de navegação responde por cerca de 80% do volume do comércio global e é responsável por aproximadamente 3% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa, porém o GT terá empresas não apenas do setor marítimo, mas de qualquer setor que possa colaborar na discussão, desde que seja participante do Pacto Global da ONU no Brasil. É esperada a participação de empresas de óleo e gás, mineração e exportadoras de produtos agrícolas, entre outros.
A atividade tem sido alvo de pressões para adotar objetivos ambiciosos de descarbonização. Recentemente, os estados-membros da Organização Marítima Internacional firmaram acordo para alcançar emissões líquidas zero “por volta de 2050”. Até lá, há objetivos intermediários: reduzir as emissões em 20% a 30% até 2030, e entre 70% e 80% até 2040.
Na ocasião, grupos ambientalistas criticaram a falta de uma data clara para a neutralização total das emissões, bem como a recusa em estabelecer um imposto sobre elas como instrumento de pressão pela descarbonização. No acordo, foi apenas prevista a discussão de um “elemento econômico com base em um mecanismo marítimo de precificação das emissões de GEE” no próximo ano.